tag:blogger.com,1999:blog-49212496412309925012023-11-15T07:38:40.822-08:00FILOSOFIA TUCUJUFilosofia Tucujuhttp://www.blogger.com/profile/07663465061158960362noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-4921249641230992501.post-81881657744478779832013-09-23T16:42:00.005-07:002013-09-23T16:48:15.499-07:00<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
misantropo<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 42.55pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"> </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Doriedson Alves<a href="file:///D:/Backup%2018%20de%20setembro/Documents/Viktor/Doriedson_o%20misantropo.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><b><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></b></span></a><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Somos
convencidos, continuamente, de que o melhor remédio para felicidade é a
convivência, sobretudo a bem-sucedida, com outras pessoas. É a defesa ferrenha
da ideia de convívio harmonioso, feliz, perfeito e, acima de tudo, fundamental
a qualquer ser humano, a nível de realização pessoal. Nesse caso, cada pessoa
exerceria, de forma perfeita, seu papel social, conjugal, afetivo, sem nenhum
sobressalto, consolidando a relação compartilhada, como modelo perfeito. Por
isso, se é constantemente bombardeado com imagens de relacionamentos bem
sucedidos, amores intermináveis, casamentos perfeitos (“Até que a morte os
separe!), etc. Evidentemente, sem sobra de dúvidas, nisso há enorme senso moral
desfigurado pela realidade dos fatos, por conseguinte, as desavenças são bem
comuns: nada é, necessariamente, o que parece. Portanto, embora seja uma
realidade repetida à exaustão, todo e qualquer envolvimento afetivo exige, para
sua existência (e sobrevivência) à vontade, o desejo e a tolerância de quem
almeja viver junto. No entanto, mesmo isso sendo assumido enquanto regra
sociocultural, nada impede que alguns refutem, com entusiasmo e simpatia, a
simples ideia do viver em comum. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando
alguns de nós se recusam a viver com outros (solteirões ou solteironas
inveterados, por exemplo), são taxados de loucos, desmiolados, misantropos. Ou,
até mesmo de sujeitos egoístas, individualistas, por negarem, de forma intensa,
as mazelas da convivência, especialmente quando ela se torna insuportável. Ora,
lidar no mesmo ambiente com indivíduos – tanto faz se forem parecidos ou bem
diferentes – não é fácil em circunstância nenhuma, nem na mais ideal. É impossível,
na maioria das ocasiões, desejarem as mesmas coisas e, caso isso aconteça, que
seja da mesma forma, intensidade, ou entusiasmo. O que é muito frequente, por
outro lado, é uma das partes ceder, evitando assim a discórdia explícita,
intensa. O objetivo aqui é, acima de tudo, evitar todo e qualquer embate,
preservando, pelo menos em tese, a essência da convivência, isto é, a união
relacional condescendente, cujo foco está na vida compartilhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Agora,
a partir do instante em que a tolerância se torna um caminho difícil de
percorrer, o relacionamento tende irrevogavelmente, a desandar. Infelizmente,
isso é muito comum. A prova inconteste disso está no enorme número de casais
divorciados (mais de 350 000 em 2011, por exemplo), após os primeiros anos de
casamento. A incompatibilidade de gênios, nome pomposo atribuído a insuperável
dificuldade de convivência entre indivíduos, é a causa mais comum; e não, como
se poderia acreditar logo de imediato, as traições e adultérios, extremamente
rotineiros – bem mais do que “imaginamos” – nos relacionamentos amorosos.
“Dividir o mesmo teto” sempre foi o desafio por excelência, quando se trata de
casais, não importando a classe social, o nível cultural e econômico, à
religião etc. A não ser que um dos envolvidos (ou parceiro) aceite a condição
subalterna. Tudo bem, até certo ponto, que alguns defendam esta perspectiva, ou
ponto de vista, reducionista, embora ela me pareça reprovar o bom senso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Às
veze, o que deveria ser o sumo bem, se transforma em conflitos violentos, repleto
de ofensas, intimidações, enfrentamentos físicos, prevalecendo a “lei do mais
forte”. Tudo em nome da rejeição à solidão. Eis, por conseguinte, a dialética
da opressão, figura sempre presente ao jogo das relações humanas; no entanto,
na maioria dos casos, levada às últimas consequências, por alguns indivíduos,
irrompe em ações brutais, cujo cerne é a possessibilidade, isto é a concepção
de que nos pertencemos mutuamente. A
intenção fundamental, nesse caso, é o domínio de um sobre o outro, pois a
paridade não pode sequer ser considerada, ante o turbilhão de encontros e
desencontros tão caros aos seres humanos presos a existência do outro. Logo, a
expressão máxima da sensatez não seria negar qualquer envolvimento que
significasse a supressão da liberdade do homem (ou mulher)? A questão habita,
basicamente, o campo do dilema do enquadramento sociocultural, no qual a
vontade coletiva subordina a pessoal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Enfim,
abdicar daquilo que se quer, individualmente, em prol do outro, nessa
conjuntura, é, para muitos, a única e possível saída, permitindo a manutenção
do enlace afetivo, repleto da ideia de posse instrumental, mas indispensável ao
enquadramento. O segredo se dá na força da persuasão, seja ela de ordem
ideológica ou física, como instrumento de consolidação das estruturas (afeto,
paixão, respeito etc.) características das relações humanas, sem as quais
nenhum empreendimento, pautado na conveniência, seria de fato possível. No
entanto, mesmo assim, todo relacionamento se conforma em grande investimento
emocional, temporal, e na maioria das vezes, financeiro, cuja durabilidade pode
ser diluída a qualquer momento, sem aviso prévio, “sem dó nem piedade”. Só
restando, no final, a expectativa do que virá em seguida, na textura da
cotidianidade, do novo, da vida casual. <o:p></o:p></span></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<a href="file:///D:/Backup%2018%20de%20setembro/Documents/Viktor/Doriedson_o%20misantropo.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> Graduado em Física e
graduando em Filosofia. E-mail: doriedson-ap@oi.com.br<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Filosofia Tucujuhttp://www.blogger.com/profile/07663465061158960362noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4921249641230992501.post-80072707208934646042013-09-07T14:31:00.002-07:002013-09-07T14:31:41.247-07:00<div align="center" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 42.0pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A Invenção da Perfeição<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right; text-indent: 41.95pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: right; text-indent: 41.95pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> DORIEDSON ALVES – Graduado em Física <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 41.95pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">
e graduando em Filosofia.<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: center; text-indent: 41.95pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">
E-mail: doriedson-ap@oi.com.br</span><o:p></o:p></b></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 41.95pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 41.95pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Educados no âmbito da moralidade religiosa – sobretudo a cristã –
e, também, em ilusórias expectativas (éticas, morais, estéticas etc.), somos
induzidos compulsoriamente a acreditar em padrões elevados, distintos, nobres,
de comportamento. É como se pudéssemos, além de nossas forças, ir até um nível
de virtude (ação pela força) que excedesse a própria capacidade humana de ser,
pensar, agir. Nesse estado, o que se destaca, logo de imediato, é a essência de
irrepreensibilidade que o torna autêntico, belo, e especialmente, perfeito. Mas
como entender o universo daquilo que, sem ter outro nome apropriado, chamamos
de perfeição? Podemos entendê-la, de certa forma, como forte impulso, desejo,
aspiração, cujo objetivo está em consolidar a negação de todo e qualquer erro,
imperfeição, imperícia, tal qual ideal de conduta imaculável. Contudo, ela (a
perfeição) está corrompida pela tola ideia de que aquilo que é “sem falhas” é,
por conseguinte, bom; significando, em última instância, a aspiração mais nobre
do ímpeto humano, orientando o ser do homem (agindo, pensando, sonhando etc.)
no mundo. Uma das vias que mais explora isso é, sem dúvida nenhuma, a religião
em seu ideal ascético, pautado na definição clássica de pecado (culpa) e sua,
hipotética, afronta à divindade criadora do homem. </span><o:p></o:p></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 41.95pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
grande obstáculo, no entanto, é tentar nivelar o comportamento/ação dos
indivíduos a partir de níveis de requinte (ou excelência), existentes apenas
nos delírios morais, estéticos, éticos, pol<a href="" name="0.1__GoBack"></a>íticos,
sociais etc., calcados na falsa concepção de infalibilidade. Por isso, modelos,
parâmetros, utopias, são aspectos encontrados e improvisados com muita
frequência, nas encenações de realidades socioculturais consubstanciada naquilo
identificado ao inequívoco, ao desacerto. Sim, pois os enganos pertencem à
dimensão do imperfeito, sobretudo por estarem destituídos do considerado
normal, natural, corriqueiro, quando a “verdade” se esconde nos recônditos, por
exemplo, de atitudes discriminatórias. Ora, o individuo portador de necessidades
especiais sofre, principalmente, por ser diferente, portanto, quando apresenta
uma configuração física (fenotípica) destoante da maioria; logo, não sendo “perfeito”,
só lhe cabe o olhar que o diferencia, discrimina, segrega, reduzindo a sua
importância, o seu valor, a sua liberdade. Entretanto, o maior incômodo se dá
por nos vermos, potencialmente, condenados a estados semelhantes, sem que nada,
em absoluto, possa ser feito, tornando tal realidade potencialmente concreta, em
algo plenamente intolerante. É como se na rejeição do outro pudéssemos nos
livrar das eventuais imperfeições.</span><o:p></o:p></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 41.95pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
perfeição é como um mal adulterando impetuosamente a existência dos homens,
eternizando e criando falsas expectativas, sob a tutela de máximas estúpidas:
“Foram felizes para sempre!”; “O verdadeiro amor!”; “Até que a morte os
separe!” etc. Desse modo, queremos quase sempre, e invariavelmente, finais
absolutamente felizes, tentando eternizar (se é que isso é possível), dentro
daquilo que julgamos perfeito, a felicidade humana: eis o grande embuste! Ela
certamente perpassa pela aceitação do bom (bem) e negação do mau (mal), dentro
de uma realidade dicotômica e antagônica, mas insuperável em sua constituição:
certo (perfeito) e errado (imperfeito). Contudo, quando as expectativas/esperanças
não são alcançadas, a decepção se apossa do nosso espírito, pois fomos
contrariados naquilo que valoramos enquanto sendo “o melhor possível”.
Portanto, a busca desenfreada pela perfeição é algo inerente à cultura humana,
em qualquer tempo, época, período, ela sempre foi cultuada, por configurar, em
sua definição última, a ideia de “satisfação plena daquilo que se espera de
alguma coisa”. Logo, evitar o indesejável (ou imperfeito) é prerrogativa
fundamental ao indivíduo enganado, imbuído do desejo de apreender o
contentamento de um viver inautêntico, gozando das mais valiosas “virtudes” da
vida. </span><o:p></o:p></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify; text-indent: 41.95pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Um sujeito além de suas possibilidades, eis o homem que cultua a
irrealidade da perfeição, muito embora perceba, em seu intento miraculoso e
extraordinário, a incapacidade de sua realização. No entanto, nada mais natural,
numa sociedade subordinada à concepção de eficiência/excelência, do que a
vocação de seus integrantes ao apreço por aquilo que configura uma disposição
irrefreável ao superficial, fingido, forçoso, enquanto elemento ideologicamente
comportamental, e integrante, de toda (ou qualquer) ação humana. Na verdade, fantasia-se,
no ato impecável, a força de um individuo guiado ao longo do “bom caminho”,
senhorio absoluto de suas aspirações, conformado a insana vontade/desejo de
superar os limites de certo “modelo de vida”. Por isso, os deuses foram
constituídos exemplos e sinônimos da ausência de falhas e, portanto, isentos
dos defeitos tão caros e comuns à realidade do sujeito sob o céu. Ele é, por
excelência, “homem decaído”, expulso do Éden – mundo criado, enfeitado,
adornado, segundo o ato impecável (perfeito) de seu criador. O deus que cria,
por outro lado, não é virtuoso, pois isso representaria movimento intencionalmente
forçado em direção ao considerado bom, belo, justo, verdadeiro. Ele seria a
própria razão de ser da sobre-excelência, como algo a direcionar os pecadores
(defeituosos) ao marco regulatório de suas inclinações ruins.</span><o:p></o:p></div>
Filosofia Tucujuhttp://www.blogger.com/profile/07663465061158960362noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4921249641230992501.post-85795762932883877872013-09-02T16:38:00.002-07:002013-09-02T16:38:18.692-07:00"Habito em minha própria morada,<br />
Jamais imitei alguém,<br />
Troço de todos os mestres<br />
que nunca se riram de si."<br />
<br />
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900)Filosofia Tucujuhttp://www.blogger.com/profile/07663465061158960362noreply@blogger.com0